Saturday, August 15, 2009

Crescer dói















E parece que chegou minha hora.
Tenho pensado um cado nisso, sem culpa por estar vendo isso acontecer tão tarde, cheia de medo desse processo, talvez pela mesma razão...

Fui ao cinema semana passada, assistir "À Deriva".
Um filme delicado, forte, emocionante, e que me pôs pra pensar e pensar.
Felipa tinha catorze anos quando perdeu sua infância e descobriu que aquele pai ensolarado podia errar. Que aquela mãe amarga podia ser terna. Que ela, menina, podia e teria que ser mulher.
Ela era a mais velha de três irmãos.
Eu, ao contrário, sou a mais nova de cinco.
Com oito anos de diferença da penúltima.
Dezoito de diferença da primeira, o que significa muita gente pra me proteger e me preservar de ter que crescer e ver a vida como ela é.
Já nasci assim, simpatiquinha, indo no colo de todo mundo, falando, falando, sendo o xodó dos cunhados e tals.
Mãe e pai bravos, preocupados, querendo a filharada debaixo das asas deles pra sempre, uma coisa.
Já disse em outros contextos que tudo pra mim acontece meio tardiamente, no meu tempo, mas tardiamente para o tempo dos homens.
Saí de casa aos 34, fui pros USA aos 35, tatuagem também foi depois dos 30, e agora, perto dos 40, tudo leva a crer que vou ter que crescer. Não digo que eu nunca vi a vida como ela é, mas nunca como agora eu me senti vivendo a vida como ela é.

Meu pai e minha mãe já não tem mais tanta energia pra cuidarem de mim, se preocuparem comigo, e tá chegando a hora de EU ajudar a minha família a cuidar deles.
E não é egoísmo, juro, mas tá difícil de aceitar.
É quase um choque deixar de ser cuidada pra cuidar de quem cuidou de mim a vida toda.
Pra mim foi essa constatação que definiu que chegou a hora de crescer e acabou a brincadeira.
Confesso que estou tateando nessa coisa toda, que está doendo um pouco, e que não sei o que fazer exatamente, por mim, e por eles.
Só faço repetir que não quero saber de ficar velha não. Quero viver bastante, mas sem necessariamente ficar velha. Tipo, "todo mundo quer ir pro céu, mas ninguém quer morrer", sabe como?
Mas outro dia me lembraram daqueeela minha avó-ídola, que demorou mais que todo mundo pra precisar que cuidassem dela.
Bom... tomara Deus que comigo então seja assim, até porque, ainda não parei pra pensar em quem será que vai ficar responsável por essa parte, até porque a conclusão é essa: estamos aí para, ou cuidarmos ou sermos cuidados por alguém, o que faz de "ser uma pessoa legal", mais que uma sugestão.

Mas... bom... vamos vendo uma coisa de cada vez, né?
Melhor.
Agora é a hora de quê mesmo?
Ah, de crescer.
Deseje-me sorte.

4 comments:

Mari said...

Pat,
eu bem já tinha lido seu post, ficado tocada, mas sem saber o que dizer.
Hoje vi o filme, é tudo o que vc falou...lindo, lindo, me fez pensar um tanto também.
E aí resolvi voltar aqui. E sabe? Eu não sou ninguém pra dizer nada, mas crescer é uma grande porcaria. Mas é também a melhor coisa pra gente e pros que estão ao nosso lado.

Boa sorte! Acho que vc vai se sair bem melhor do que espera.

Bia said...

Tô me lendo em palavras de outra pessoa. Também sou temporã. A caçula de 3, a cuidada. Nossa diferença é que tenho 35 anos e comprei um apartamento com 32. Só que nunca fui morar lá. Porque não consigo me ver sozinha. Eu acho que tu já cresceu, eu preciso de mais fôlego. Na verdade, essa coisa de deixar de ser cuidado e cuidar já aconteceu ao menos até a metade pra ti. Eu preciso trilhar a primeira fase ainda. Eu queria passar tipo um dia conversando contigo. Eu vou ter que ir até vc, né? Mas vai acontecer, espero que logo :)

Fernanda MBem said...

Concordo com tudo e postei igual.
Dói mesmo.
E muitas vezes, a gente não quer não. Mas tem que crescer.

E eu concordo que você vai se sair (e está se saindo) muito melhor do que esperava.

This too shall pass.
ILY YKT.

Beijos, me

Guiga said...

Todo mundo com síndrome de Peter Pan! Eu sou filha única, bem ao contrário de ti! E mesmo com 30, dá brotoeja só de pensar em virar adulta! Eu digo que enquanto a gente grita "mããããããe!" pra ter as coisas resolvidas, a gente não cresce. É um elixir da juventude! E eu grito "mããããããe!" a lot! :)