Friday, August 22, 2008

Cantando e Comentando II


Eu entrei na sala e elas estavam falando de amor.
Saí.

A Fê mandou um scrap falando "Sai, besta. Postei.".
Li.

Hoje de manhã eu varria a casa com o rádio ligado lá no banheiro - tá bom, ali no banheiro, minha casa é um ovo de dois bancos - e o Arnaldo Antunes cantava isso aqui.
Ouvi e pensei.

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Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir
Socorro, alguma alma, mesmo
Que penada,
Me empreste suas penas
Já não sinto amor nem dor,
Já não sinto nada
Socorro, alguem me dê um coração
Que esse já não bate nem apanha
Por favor, uma emoção pequena,
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos, deve ter
Algum que sirva

Socorro, alguma rua que me
Dê sentido,
Em qualquer cruzamento,
Acostamento,
Encruzilhada,
Socorro, eu já não sinto nada

Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Nem vontade de chorar
Nem de rir
Socorro, alguma alma, mesmo
Que penada,
Me empreste suas penas
Ja nao sinto amor nem dor,
Ja nao sinto nada
Socorro, alguém me dê um coração,
Que esse já não bate nem apanha,
Por favor, uma emoção pequena,
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos , deve ter
Algum que sirva
Qualquer coisa que se sinta,
Tem tantos sentimentos, deve ter
Algum que sirva.

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E eu gosto de suspirar pelos cantos, juro.
Se precisar sofrer eu sofro, já passei por cada perrengue nessa vida (you don't know my life, b****!).
Só não sei mais se espero ou se procuro.
Se pergunto pro livro ele não responde...

Só sei que a loira tava andando pela rua e viu uma casca de banana.
Olhou pra ela e pensou: VOU CAIR DE NOVO.

E olha, uma coisa é fato: loira, eu sou.

Monday, August 18, 2008

Postando e Comentando III


Recebi por e-mail da Liz, tão essencial na minha vida, tão de verdade!
Tá lá na Bahia a menina, mas na sintonia de sempre comigo, porque olha... pra me mandar isso numa hora como essa, é porque a conexão tá fuerte!

De novo são coisas que eu penso e sinto e que alguém vem e fala.
Eu venho e falo pra você.
E se você concorda ou ao menos me entende, isto implica que eu tenho tempo sim, pra você.
Mas com outros tantos aí eu sou educada, quase cordial, mas deu.
Tempo, tempo mesmo, energia, essas coisas, aaaah, não ando perdendo fácil não.
Tenho meia bacia de jaboticaba pra roer até os caroços.
Servido?

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Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora.
Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jaboticabas.
As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para projetos megalômanos.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas.

Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: 'as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos'.
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa...

Sem muitas jaboticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado de Deus.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.

O essencial faz a vida valer a pena!
Basta o essencial!

Thursday, August 14, 2008

A Lei da Atração ou Ele tinha que ser meu


Não vou me alongar muito na descrição de mim mesma, porque, meus fiéis leitores, quase em sua totalidade, me conhecem o suficiente pra entender o que a história, por si só, diz.

Eu, professora de inglês, iniciando mais um semestre, conhecendo muitos novos alunos, hoje conheci Astolpho*.
Todos haviam me alertado que Astolpho* é sobrinho do guitarrista de uma famosa banda pop, de sucesso estrondoso nos anos 80, mas conhecida até hoje.
Ele se orgulha desse parentesco e pergunta a todos: “Você conhece a banda tal? Sabe o guitarrista, o Fulano de Tal? Ele é meu tio!!!”.
Era isso o que eu esperava de Astolpho* no nosso primeiro contato, e eu estava pronta inclusive para cantarolar todos os hits da banda tal, de quem eu sempre fui fã ardorosa.
Mas não foi assim que as coisas aconteceram.

- You must be Astolpho*...
- Yes, teacher!
- Nice to meet you!
- Nice to meet you too.
- How are you today, Astolpho*?
- So, so, teacher.
- What happened?
- Não, teacher, é que eu tenho uns planos pra botar em prática antes do apocalipse.
- Ah, éééé? E quando vai ser o apocalipse?
- Dia 21 de setembro.
- De 2008?
- De 2008.
- (teacher pensativa no fator numerológico e tals)
- É por causa do alinhamento dos planetas.
- É?
- Mas... não tem como evitar? O mundo vai MESMO acabar?
- Não está nada certo ainda. Ou o macaco come a banana, ou é o final dos tempos.
- Ah.

E a vida segue seu curso.

PS: Astolpho* tem 12 anos de idade e planeja explodir a escola, antes de 21 de setembro de 2008.

* O nome foi trocado para preservar a identidade do aluno e para causar uma curiosidade.

Thursday, August 07, 2008

Cantando e Comentando I - Pra Ninguém


Tem texto e tem música que a gente acha que foi a gente que escreveu.
Pelo menos a gente pensou daquele jeito, veio um outro e escreveu pra gente.
Daí a gente descobre, fala pra si: "É isso!", posta num blog e comenta!
E a vida segue seu curso (certo, Flá?).

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Ninguém pra ligar
E dizer onde estou
Ninguém pra ir comigo onde eu vou

Por outro lado
Ninguém pra abaixar o volume
Ninguém pra reclamar dos pratos sujos
Ninguém pra eu fingir que eu não amo

Toda noite no mesmo lugar
Eu abro os olhos
E deixo o dia entrar
Pra ninguém

Ninguém pra dizer quando eu devo parar
Ninguém na casa pra poder acordar
Do meu lado

Ninguém pra contar novidades
Ninguém pra fechar as cortinas
Ninguém pra brigar de vez em quando

Toda noite no mesmo lugar
Eu abro os olhos
E deixo o dia entrar
Pra ninguém

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Pois é. É assim confuso mesmo.
Tem horas que eu acho ótimo, tem horas que eu me pergunto até quando.

Tem horas que eu lamento ter deixado escapar minha chance, daí eu penso em quantas outras coisas eu teria deixado de fazer se eu tivesse agarrado a tal da chance. Será que eu seria essa pessoa que eu sou hoje, essa pessoa que eu gosto tanto de ser?

Ás vezes eu acho que É AGORA!!! \o/
Que eu encontrei quem também me procurava.
Daí eu percebo que estou mais uma vez me repetindo, it's again the same old same.

Mudar de país não adiantou não. Eu mudei de idioma e pelo jeito não mudei o discurso.
Acho que não tem fórmula.
Não que eu saiba.

Bom, então vamos fazer assim, eu tenho uma idéia melhor, outra música até:
"enquanto eu vou andando o mundo gira e nos espera nuuuuuma boooooa!"
Iiiiisso, assim mesmo, assim sem pressa.

Vou indo então.
A gente se vê.
Ou não.

Saturday, August 02, 2008

Memórias da Princesa


Você pode até duvidar, é um direito seu, mas eu já fui LINDA!!!
E eu acreditava nisso.
Eu andava pela rua sozinha às vezes, assim, pra ir na vizinha pedir um ovo, ou ao supermercado comprar cebola pra minha mãe, e pra disfarçar o medo, eu pensava assim: "nunca que o 'omilôco' vai me pegar! quando ele olhar pra mim, com esse cabelo loiro de Angélica batendo na cintura e esse olho azul, ele não vai ter coragem de me fazer mal!".

Assim eu fui seguindo, linda, linda! Um dia descobriram a minha lindeza e modéstia e ligaram lá em casa pra perguntar se a minha mãe não queria me inscrever no concurso de "Rainha Mirim da Primavera".
Eu escutei a conversa e fiquei louca.
Mas eu tinha cinco anos e a idade mínima era seis.

Por outro lado eu era linda demais pra esperar um ano no anonimato, daí decidiram que mesmo que eu merecesse, eu teria que ser Princesa. Pensando bem, eu causo uma polêmica desde bem cedo.
Mas ok, eu podia superar. Princesa é bom também.

A Sandra da Marel me fez dois vestidos lindos que eu odiava na época, porque eu ficava parecendo a minha boneca Gui-Gui, quando eu queria um longo rosa choque que me deixava parecendo uma princesa moderna e estilosa.
Mas a minha mãe era quem mandava naquele tempo.

Depois de flutuar graciosa pelas passarelas montadas no Jardim Zoológico, fui eleita Princesa, apesar de ser muito mais linda que a Rainha que tinha seis anos. Tudo bem.
Eu era também muito boazinha, não fiquei triste pelo título. Era só um nome.
Mas na hora de ganhar os prêmios, meu coração chorou.
A Rainha, com toda sua magnitude, ganhou uma caixa de bombons Garoto e uma caixa de lápis de cor de 36.
As duas Princesas ganharam os mesmos bombons, ok, mas a caixa de lápis de cor era de 24.
Não me lembro hoje, mas talvez nem tivesse o azul-piscina, o salmon, quiçá não tivesse o ocre!
Foi um golpe duro.

Mas minha alma de Princesa engoliu as lágrimas e manteve a pose até o fim.

Esta foi minha primeira grande frustração, mas foi assim que eu aprendi a lutar, calada e graciosa, pelos lápis a mais.

E mesmo quando não dá certo, eu pinto a vida com 24 lindas cores, e saio por aí, como uma Princesa - nem tão mirim - da Primavera, espalhando minhas cores e minhas flores!!!

* Sassá, este post é pra você, dear!