Thursday, April 22, 2010

Aaaah, os jovens...


Quando me perguntam com que idade eu prefiro trabalhar a resposta é imediata: eu gosto de adolescentes.
Tenho num mesmo grupo uma mãe de uns 40 e poucos e uma filha de uns 14, e a mãe outro dia rindo das minhas gracinhas soltou um: "Todo professor de inglês é um pouco adolescente!". Não sei dizer se TODO professor de inglês é um pouco adolescente, mas eu de mim, tomei como elogio. E sim, meio que concordo.

Eu fui tia pela primeira vez aos 12 anos de idade e isso me rendeu adolescentes around me o tempo todo quase - hoje são sete sobrinhos, daí você tira uma base.

O tempo todo emprestando roupa, baixando as músicas "do momento", indo ao cinema, aos shows, passando carnaval juntas, ganhando as amigas delas pra mim mesmo quando elas não estão no programa.

Gosto mesmo desse povo aí.

Ontem fui assistir "As Melhores Coisas do Mundo", e emocionada, descobri o segredo dessa química: eu respeito os adolescentes. Escuto com genuíno interesse o que eles tem a dizer, me permito aprender com eles e deixo eles quererem minha companhia e meus conselhos, sem me impor e sem nenhuma lecture.

Me emocionei mesmo!

Nunca se viu tradução tão honesta do que é essa turma que - oba! - me cerca na vida real.
Pra mim não pareceu filme, pra mim aquilo é vida real.
Porque sim, os adolescentes da minha vida real são aqueles... questionadores, inteligentes, engajados, cheios de conteúdo, cheios de senso de humor, e muito, muito intensos.

Pessoas que merecem respeito de todo mundo. Merecem crédito, porque pensam sim, e dão a cara a tapas de um modo que adultos deviam fazer - e ó, tem adulto por aí que parece até que nunca foi outra coisa que não adulto...

Saí do cinema com uma vontade danada de ser teacher do Mano e da Carol.
Mas daí pensando melhor, concluo que sim, eu já dou aula para vários Manos e inúmeras Caróis!

Manos e Caróis que tem todo o meu carinho e toda a minha gratidão, por imprimirem à minha vida essa gana de me manter um pouco como eles também.

E eu, esta adolescente crescida, assino embaixo do que me disse o Mano no cinema ontem: "Não é impossível ser feliz quando você cresce, só é mais difícil."

Mano é que sabe das coisas.

Friday, April 16, 2010

Resiliência - Modo de Usar


Segundo o dicionário Aurélio, é a propriedade pela qual a energia armazenada em um corpo deformado é devolvida quando cessa a tensão causadora de tal de formação elástica.

E eu sonho com um mundo onde esta propriedade seja ensinada, passada de pais pra filhos, gerações depois de gerações. Ou que seja encontrada em cápsulas dessas que se compram na farmácia sem receita médica.

Ás vezes me pego pensando nas diferentes reações que diferentes pessoas tem diante de situações mais cascudas.
Eu mesma não entendo muito bem essa coisa de Deus às vezes curtir dar um sustinho na gente, dar uma sacudida, uma movimentada nas coisas pra, assim, mandar um recado.
Ás vezes questiono minha fé e penso, PRA QUÊ isso, Deus do céu?
Mas costumo aceitar o fim da história, sendo ele feliz ou triste, não sem sofrer e chorar qual criança pequena no caso deste último. Vou fazer o quê? Vou fazer a melhor leitura do recado que eu puder e seguir em frente, uai!

Vai bater saudade dos bons tempos? Vai bater. Vou chorar de novo toda vez que doer muito? Vou! MAS não vou me entregar, não vou deixar a peteca cair, não vou.

O difícil é fazer o outro querer reagir e se aprumar.
E digo difícil, não jogando a responsabilidade na falta de vontade do outro.
Muitas vezes essa vontade está mesmo muito além das forças dele.
E eu sei que dor não se mede.
E eu sei que a dor do outro merece respeito e merece ser validada.
Mas quando eu vejo gente perdendo pessoas queridas, perdendo os amores de suas vidas, perdendo filhos, casa, história, e pensando no que vão fazer pra botar a vida no prumo de novo, me dá uma vontade da grande de chacoalhar quem está se entregando... quem está se deixando cair, apático e sem viço...

Era isso o que eu queria dizer, e repito agora até porque, vai que as palavras tem poder?
Eu sonho com um mundo onde a resiliência e a fé na vida sejam vendidas sem receita médica e a preços populares.

E onde todo mundo agradecesse primeiro - sempre vai ter uma coisinha pra agradecer - pra depois se lamentar.

Sim, estou sendo clichê.
Mas é o que tem pra hoje.