Friday, April 24, 2009

Relaxa que eu tenho um plano...


Não sei pra quê que eu insisto.
Eu não sou organizada, eu não sei usar agenda, eu não sei usar nem calendário, eu tenho limitações quando o assunto é relógio de ponteiros... por que diabos me meto a fazer planos?

Quero lhe contar como eu vivi e tudo que aconteceu comigo.

Eu fui a uma médica alergista aqui em SP dia desses.
Só que eu tava meio pobre, a Sil me emprestou a grana a tempo e tal.
Fui ao banco, saquei o dinheiro, fui pro consultório.
Qual era o plano?
Consultar.
Pagar.
É o que a maioria das pessoas faz.
A médica virou minha amiga de infância, a consulta durou uma hora e quinze, ela foi comigo até a porta da clínica, eu me despedi com beijinhos, disse tchau-bom-final-de-semana pras mocinhas da recepção e fui.

Paguei?
Não.

A médica pediu uns exames que eu planejei (aí, de novo!) fazer em Varginha no dia 19/abril.
O plano era: jejum de oito horas na sexta pra fazer exame sábado.
Eu levei o pedido dos exames pra Varginha?
Claro que não.
Daí fui pra Happy Hour do Clube, dancei, bebi um cado de cerveja e comi vários petisquinhos até o amanhecer.

O retorno era hoje, dia 24.
Putz, tenho que levar os resultados do exame, gente.

Relaxa que eu tenho um plano: eu chego em SP terça.
Fico em jejum.
Quarta de manhã eu vou dar aula pro Kuarahy, o Kuarahy não vai à aula, eu volto rapidamente pra casa, vou no Hospital Santa Isabel aqui do lado e faço os exames. Vai ficar pronto até sexta, claro!

Jejum: check.
Kuarahy não comparecer: check demais, hehehe... essa era a parte fácil.
Colher sangue no Santa Isabel: peeeen.
"Não fazemos esses exames aqui, são exames especializados."

Ok, provavelmente não faria em Varginha também, então viva a Happy Hour, a Skol e os petisquinhos.

Voltandoooo. Focoooo.
Tá. Vou ali no Lavoisier pra aproveitar o jejum e já faço isso.

Eu nunca tinha ido no Lavoisier.
O tamanho da coisa tava definitivamente fora dos meus planos.
Minha senha era a 612 e tava no 457.
Quarenta minutos depois, eu prestes a desmaiar de fome, os números não mudaram.

Ok. Mudança de planos por questão de sobrevivência.
Vou fazer esse exame amanhã e vou no retorno sem resultado de exame. Paciência.

Jejum de novo.
Lavoisier ontem de manhã de novo.
Demorou uma hora pra me chamarem pra fazer o meu cadastro, mais uma meia hora pra chamarem pra coleta, dei conselhos de vida pra moça que coletou meu sangue e essa foi a melhor parte do plano, a parte não planejada: fazer a moça feliz! Ela me achou muito legal e eu saí da salinha com um band-aid de bolinha na dobra do braço e deixei a moça com uma frase para reflexão: "Quem fica parado é poste.". Ela respondeu animada: "Olha essa Patricia!".
Resultado na segunda, 27. Tá, né?

Sexta.
Muitos planos!
Aula pro Kuarahy que não foi.
Pegar pão na Charmosa pra tomar café com a Fê (café ca Fê, haha).
Treinamento na Pompéia.
Hidratação da promoção na Capricci com as meninas.
Almocinho rápido e sem grandes ambições com as meninas.
Ônibus para a Dra. Ana Paula às 15h30min. O retorno!
Primeiro dia de aula na faculdade.
Aniversário da Lé.
Tava tudo na agenda. Juro.

Almocinho rápido e sem grandes ambições?
Virou Macedos muito fino, e com cai-pi-ri-nha. Tá bom pra você?

Dra. Ana Paula de bus?
A Isa me deu carona.
Cheguei lá, falei: "Oi, eu tenho um retorno com a Dra. Ana Paula. Eu sou aquela que não pagou a consulta."
Gislaine diz: "Então. Eu tentei falar com você, deixei um recado na caixa postal, a Dra. teve que viajar e não vai poder te atender."
Aaaaah, foi aquela hora que o telefone tocou durante o treinamento e eu fingi que o celular não era meu porque eu tinha esquecido de botar no silencioso... Crédito pra ouvir a mensagem de voz eu não tinha. E na consulta eles ligaram pra confirmar, deve ser pra confirmar o retorno.
Não era.
Era pra cancelar.
Tomou, papuda?

Paguei a consulta que eu devia, marquei o retorno pra dia OITO de maio.
Agora dá tempo de pegar o resultado do exame.
Bem de acordo com o planejado.
Finalmente!

Ah, fui à aula, mas o aniversário da Lé não rolou.
Fiquei 45 minutos plantada na Paulista sozinha e Deus e nádegas de passar o ônibus que eu precisava.
Ela vai me entender.
Outra hora a gente planeja de comemorar, hehe...

Monday, April 20, 2009

Postando e comentando VIII: O Menino do Dedo Verde


Que coisa engraçada... eu nunca mais ouvi falar do menino do dedo verde. Nunca mais.
Eu li quando eu tinha uns 10, 11 anos, fiquei maravilhada com aquele menino que transformava tudo em flores, escorregava pelos corrimões de casa e chamava o pai de Senhor Papai e a mãe de Dona Mamãe, coisa que eu muito provavelmente devo ter começado a fazer também.

Aí eu li na internet e na Veja que o autor Maurice Druon, morreu dia 14 de abril, aos 90 anos, em Paris.
Nem sabia que além do "Menino" ele havia escrito uma série de sete romances sobre a monarquia francesa que teve mais de 100.000 cópias vendidas só no Brasil.

Me deu saudade de Tistu. Que eu até hoje não sei se é Tístu, ou Tistú.
Pardón my French.

Deleite-se.

+++++++++++++++++++++++++++++++++++++

Tistu é um menino muito sortudo. Vive na cidade chamada Mirapólvora numa grande casa, a Casa-que-Brilha, com o Sr. Papai, Dona Mamãe e o seu querido pônei Ginástico. Eles são ricos pois o Sr Papai tem uma fábrica de canhões. Para grande decepção de todos, Tistu dorme nas aulas. Sr Papai resolve fazer com que Tistu aprenda as coisas vendo-as e vivenciando-as. As aulas serão com o jardineiro Bigode e com o gerente da fábrica de canhões, o Sr Trovões.
Na primeira aula, o jardineiro Bigode descobre um dom fantástico em Tistu: o menino tem o dedo verde! Isto significa que, onde ele colocar o dedo, nascerão flores! Porém as pessoas grandes não iriam entender este dom. Seria melhor mantê-lo em segredo. Bigode se transforma no conselheiro de Tistu.
Com o Sr Trovões Tistu conhece um pouco do lado triste do mundo: a miséria, a prisão, o hospital. Ele resolve alegrar estes ambientes colocando seu dedo lá, mas no anonimato. Para o espanto da população, o presídio ficou com tantas flores que as portas não conseguiam mais fechar. Mas os presos não queriam fugir, pois estavam maravilhados! As flores da favela absorveram o lamaçal e enfeitaram as casas, transformando a favela em atração turística. A menina do hospital, que antes contava os buraquinhos do teto para passar o tempo agora conta botões de rosas, que nascem em volta do seu leito. A cidade, e a vida das pessoas da cidade, mudaram completamente.
Tistu então conhece a fábrica do Sr Papai. Ele fica inconformado com o mal que os canhões e as guerras trazem. Secretamente, coloca o dedo nos canhões que estavam sendo enviados para uma guerra. Resultado: a guerra fracassa, pois ao invés de bombas, os canhões lançaram flores. A fábrica é arruinada.
Vendo o desespero do sr Papai, Tistu resolve revelar que foi ele quem colocou as flores nos canhões e prova isso fazendo nascer uma flor no quadro de seu avô, na parede. Sr Papai resolve então transformar a fábrica de canhões em fábrica de flores. A cidade passa a se chamar Miraflores.
Um dia Tistu recebe a notícia de que o jardineiro Bigode tinha ido viajar, que estava dormindo. Confuso com as informações, Tistu pergunta para seu pônei o que aconteceu com Bigode. Ele revela: Bigode morreu. E este é o único mal em que as flores não podem fazer nada.
- Se Bigode morreu, ele está no céu. Então, vou construir uma escada com minhas flores para ele descer! – conclui Tistu. Após construir a escala, era impossível ver onde ela estava terminando. Sumia no céu. Tistu esperou mas Bigode não desceu. Então ele resolve ir buscá-lo. Seu pônei tenta impedi-lo sem sucesso. Tistu sobe a escada, vê sua casa diminuindo, vê as nuvens, perde seus chinelinhos e escuta a voz do Bigode: - Ah, você está aqui!
Naquela manhã os moradores da Casa-que-Brilha saíram a procura de Tistu e encontraram uma relva diferente, roída pelo pônei, com botões de rosas dourados, formando a frase: Tistu era um Anjo.

Thursday, April 09, 2009

There are so many special people in the world...




























Por que será que tem que ser assim?
Mais, será que todo mundo é assim?
Se é mais difícil, mais sofrido, é mais bacana? É assim, então?

Eu ganhei um aluno especial esse semestre.
Pra não expor demais, não vou dar muito detalhe não, mas o que eu sei é que é difícil.
Cansativo.
Me esgota.
Parece que eu dei três aulas seguidas e foi só uma.

Mas a paciência que por vezes me falta, com ele e pra ele não falta mais.
Repito, repito, repito, explico, comemoro os acertos, consolo nos erros e, olha, espero que eu esteja certa, mas hoje eu vi uma evolução ali.
As dificuldades estão crescendo e ele está acompanhando... devagar está me seguindo.

É bonitinho vê-lo comemorar seus acertos com um YES! animado.
Ver que ele agora me obedece e me respeita, coisa que não acontecia no início.

E me deixa feliz pensar que se ele seguir em frente, mesmo no ritmo dele, mais lento, como ele sabe que é, se ele chegar lá, ele vai se lembrar de mim como sua primeira teacher.

E hoje, não sei porque, dando aula pra ele e vendo ele entender presente simples e acertar comigo as regras da terceira pessoa, me senti uma pessoa melhor.
Fui eu quem me senti "especial".

Obrigada, Deus, e obrigada Paulinha, minha fada, por - mesmo indiretamente - me deixar me sentir tão bem hoje!

Saturday, April 04, 2009

Sobre a (im)perfeição


A perfeição é muito relativa e eu - a duríssimas penas - aprendi que não a quero mais.
De perto ninguém é perfeito, de perto ninguém é normal.

O ideal inatingível que eu coloco tão acima de mim pode servir para que eu me deprecie mais e mais, porque o óbvio às vezes parece sânscrito: não vou ser perfeita nunca. Vou ser sempre eu.

A coisa toda é me sentir bem sendo quem eu sou, under my own skin.

Muita gente costuma achar que o problema é sempre o outro.
Eu ao contrário sempre tenho certeza que o problema sou eu, o outro é sempre o máximo, ele há de estar certo, alguma coisa eu fiz, e mesmo que eu nunca descubra o que foi, foi horrível com toda a certeza.

Muita gente pode se surpreender ao me "ler" falando assim, eu não pareço me preocupar muito com os julgamentos e opiniões alheias não, eu sei disso, mas "de noite na cama eu fico pensando", você é que não sabia.

Porém, a gente está nesse mundo pra evoluir, no dia em que a gente atinge o ponto máximo a gente vai embora, deixando o exemplo e as lembranças pros outros.

Eu tenho aprendido bastante comigo e com as diferentes Patricias que eu sou quando estou com diferentes pessoas. Sim, parece meio complicado, nem sei se acontece o mesmo com mais alguém, mas eu não sou a mesma com todo mundo, eu não sou uma só. Posso ser ótima e posso ser péssima. Posso me alternar com as pessoas e posso me alternar com a mesma pessoa. Posso não estar conseguindo me fazer entender mas qualquer coisa eu volto mais tarde pra tentar clarear mais as coisas.

O diferencial recém absorvido - que é o que eu quero pra mim desse minuto em diante - é aceitar minhas fraquezas, me perdoar por elas, e mais importante, revertê-las, mesmo que a duríssimas penas.

Aceitando meu tempo, aceitando o tempo dos outros, aceitando que mesmo depois de revertidas as fraquezas em força, ainda estarei longe da perfeição.

E que mesmo assim, tá bom.