
Se a vida não fosse tão insubstituível talvez ousássemos utilizá-la.
Porém arrumamo-la na prateleira como um vistoso par de sapatos que é bonito de se ver mas não para uso diário.
Assim, continuamos por aí sentados numa expectativa descalça.
Margareta Ekström, “To catch Life Anew – 10 swedish women poets” (tradução do sueco de Eva Claeson), Oyster River (Durham, New Hampshire, 2006).
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Um feriado especial em casa, com a família quase toda reunida.
Uns comemorando sete anos, outros errando as contas se nesse outubro completam 86 ou 87, e eu vendo a vida passar, apesar de todo o esforço pra fazê-la acontecer realmente.
Tanta repetição, tanto boicote a mim mesma, tanta fuga inconsciente de tudo o que pode de fato mudar o curso das histórias...
Vendo lá o dos 86 chegando a essa altura da vida com a plena consciência de que fez - e continua fazendo - tudo o que mais quis... vendo o que comemora 7 sem medo nenhum de viver intensamente... lendo esse trecho que me caiu nas mãos nessa noite que fecha um dia estranho de tão chuvoso e nublado, firmo neste momento o propósito de calçar meus vistosos sapatos, e, mesmo que no início eles me apertem bastante os calos, que eu me permita caminhar por aí com a leveza e a segurança dos dias mais ensolarados.
Sim, hoje acordei profunda! ;)